Onde a (r)evolução da tecnologia pode nos levar?

Carolina Gancev
3 min readMay 14, 2021

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Um relato de quando assisti os episódios de Black Mirror em ordem cronológica

Foto por Robin Warroll em Unsplash

Sou fã de enredos distópicos. Gosto desse incômodo que fica quando somos levados a questionar o que nos espera daqui uns anos.

Diferente das outras histórias que retratam um futuro esquisito, Black Mirror coloca na conta um artefato importante: a forma sutil que a tecnologia entra na nossa vida e transforma tudo ao nosso redor, sem a gente perceber.

Quem assistiu a série sabe que os episódios parecem não ter conexão nenhuma entre eles. Há um tempo atrás, descobri a hipótese de que os episódios de Black Mirror podem sim ter uma ordem cronológica e essa informação mexeu tanto com a minha cabeça que comecei a ler tudo o que encontrei sobre o assunto.

Entendi que haviam detalhes escondidos em quase todos os episódios e que eles faziam parte de um grande quebra-cabeça. Descobri também que isso pode ter um significado maior e que foi assim que surgiu a teoria de uma possível ordem dos acontecimentos na série.

Mas só ler e pesquisar sobre o assunto não foi suficiente. Eu tinha que ver com meus próprios olhos. Foi então que o advento da pandemia e sua quarentena forçada liberaram espaço na minha tão agitada agenda para que eu conseguisse assistir à todos os episódios novamente, na ordem que a internet estava sugerindo.

Assisti e reassisti várias vezes à todos os episódios. Fiz anotações. Falei sobre isso no Twitter. Coloquei uma amiga que nunca tinha assistido à série para assistir comigo e assim eu conseguir pegar as primeiras percepções nuas e cruas de alguém.

Conclui que a tecnologia pode nos tornar refém dela. Ela se torna tão intrínseca à nossa existência que nem se percebe o quanto ela nos distancia, uns dos outros e de nós mesmos, da nossa própria essência vulnerável e frágil. Ela é mais uma parte do nosso corpo e sem ela parece que falta algo. Isso é tão atual e me soa tão perigoso.

Ela também parece despertar (e sustentar) nosso lado mais sádico e cruel. O regojizo com o sofrimento do outro como se fosse uma coisa normal é algo presente em quase todos os episódios da série. Isso não é assustador?

Black Mirror nos mostra um lado escuro da nossa evolução que não enxergamos (ou se enxergamos, fingimos não ver). Acredito que a maioria das coisas que a série nos apresenta é possível acontecer, mas sou suspeita, porque sou dessas que também acredita que daqui uns anos as máquinas vão encontrar nossos fósseis por ai e pensar:

Mais um osso daquela espécie meio burra.

Mas pera aí, máquina pensa?

Nesse outro post aqui falo sobre a ordem cronológica dos episódios criada por mim depois de reassistir tudo várias vezes e baseada também na crescente complexidade das tecnologias apresentada na série. Te vejo lá?

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Carolina Gancev

Eu tenho o dom da escrita e deveria escrever uma tese de mestrado ou um livro, mas tenho preguiça. Então escrevo aqui.